Homenagem a Rodrigo Ferreira Simões


Pedro Vasconcelos Maia do Amaral
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG e Fellow do Center for Spatial Data Science (University of Chicago); Ph.D. em Land Economy pela University of Cambridge

Gustavo de Britto Rocha
Professor Associado do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais; PHD pelo Land Economy Department, University of Cambridge

No próximo 19 de agosto completa-se um ano do falecimento de Rodrigo Ferreira Simões, então com 50 anos de idade.

Nascido em Belo Horizonte, Rodrigo era casado com Tereza Bruzzi e pai de Inácio. Rodrigo foi um dos economistas regionais mais inspiradores do país, sendo conhecido por ser um artista em sala de aula. Tendo iniciado sua carreira docente ainda muito jovem, como professor substituto da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, Rodrigo se tornou referência entre alunos e colegas, distribuindo suas máximas e acumulando premiações e reconhecimentos diversos. Quando encontrava novos professores saindo das salas de aula, perguntava: “Foi lá vender seu carro usado”? Antes que pudessem responder, disparava logo: “Pois hoje eu dei a minha tradicional aula-show”. Como orientador, se destacava pelo rigor e dedicação, que eram refletidos nos trabalhos de seus alunos: apenas entre 2012 e 2015, seis prêmios nacionais foram concedidos a trabalhos que orientou. Entre 1993 e 2014, foi paraninfo ou homenageado por 13 turmas de graduação em Economia ou Arquitetura.

Com presença marcante na ANPUR, exerceu sua presidência em 2015-16, até seu falecimento. Foi diretor de 2013 a 2015, e membro do conselho fiscal entre 2005 e 2007 e de 2009 a 2011. Foi o representante da associação junto ao Conselho Gestor da Revista Política e Planejamento Regional entre 2014 e 2016. Era vice-diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) – UFMG desde 2014 e foi um dos membros fundadores da Associação Brasileira de Estudos Regionais (ABER). Foi ainda Visiting Scholar no Land Economy Department – University of Cambridge entre 1999 e 2000 e, posteriormente, entre 2007 e 2008. Rodrigo foi também Associate Researcher no Department of Geography and Environment – London School of Economics and Political Science (LSE) entre 2007 e 2008.

Com imenso zelo pelas instituições, se manifestava constantemente preocupado com a “exacerbação sem precedentes de intolerância, de preconceito, de rejeição à diversidade” no âmbito global e também com o momento de crise política institucional no Brasil, em que “valores e princípios básicos da vida republicana e democrática estão sendo ameaça­dos de forma sistemática”. Orientador nato em todas as dimensões da vida acadêmica – e em tantas outras fora dela – transferiu para as novas gerações a primazia da dedicação à dimensão institucional da vida universitária, caminho que trilhou de maneira singular.

Rodrigo nutria verdadeira paixão por todas modalidades esportivas e por isso se gabava de ser “polidesportivo”. Quando jovem, foi árbitro de handebol de nível Nacional “A”, sendo mais tarde homenageado pela Federação Mineira. Mas, de todas as paixões esportivas, a maior era mesmo o Atlético-MG.

Quase um ano após seu falecimento, resta ainda sua sala vazia no Cedeplar-UFMG, bem como o barulho, forte e rouco como era sua voz, que faz ausência. Permanecem a saudade e impossibilidade de substituição de seu cuidado, zelo e apreço pelas instituições e pessoas que tocou. Como disse Guimarães Rosa: “O amor é que vale. Em tentos o senhor vê (...) Merece de gente aproveitar, o que vem e que se pode, o bom da vida é só de chuvisco...”.

Pedro Vasconcelos Maia do Amaral 
e Gustavo de Britto Rocha

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