Editorial da Edição
RPPR Rio de Janeiro, Vol. 6, Nº 1, Janeiro a Abril de 2019, publicado em janeiro de 2019
A publicação dos seis artigos do nº 1 do vol. 6 de 2019 se iniciou, em janeiro, com o artigo “Desenvolvimento e Eurocentrismo: reflexões a partir de Abya Yala – América Latina” de Karla Lucia Bento e Lilian Blanck de Oliveira. A América Latina, como a conhecemos, inicia em 1492, diferindo do território denominado Abya-Yala pelos povos que aqui viviam e, ainda no século XXI, reflete as relações estabelecidas ao longo da colonização marcada por conquistas de territórios e dominação cultural e científica. O objetivo deste trabalho é problematizar conceitos como eurocentrismo, colonização/colonialidades e desenvolvimento relacionados com trabalho no contexto capitalista e os conceitos de interculturalidade e Bem-viver.
O segundo artigo, com o título “O planejamento regional e a luta dos povos tradicionais pela terra na fronteira franco-brasileira”, é da autoria de Eduardo Margarit. A fronteira do Brasil com a Guiana Francesa se dá através do município de Oiapoque, no estado do Amapá, onde as grandes obras de infraestrutura impactam no modo de vida dos povos tradicionais. Este artigo tem o objetivo de compreender como o planejamento regional está construindo uma relação conflituosa entre os povos tradicionais de Oiapoque.
No terceiro artigo Andrea da Costa Braga e Heleniza Ávila Campos apresentam o artigo “Configuração Espacial e Tipologia da Área Funcional Urbana das Cidades Gêmeas Uruguaiana (BR) – Paso de Los Libres (AR): dinâmicas fronteiriças”. Cidades-gêmeas fronteiriças são aglomerados urbanos contíguos espacialmente e descontínuos territorialmente com uma diversidade tipológica relacionada à porosidade da fronteira e à continuidade espacial entre suas partes. O trabalho levanta a hipótese a a discute em relação às cidades-gêmeas de Uruguaiana (BR) e Paso de Los Libres (AR que há correlação positiva entre os processos e mudanças na auto-organização do sistema espacial que informa interfaces e intercâmbios através dos limites territoriais.
O quarto artigo “A influência de planos e programas do Governo Federal na região Centro-Oeste: ocupação e modernização do território entre as décadas de 1960 a 1970” de Wagner Abadio de Freitas visa abordar as repercussões produzidas no território goiano a partir da execução de Planos e Programas desenvolvidos e executados durante as décadas de 1960 e 1970. Estas intervenções promoveram mudanças estruturais e intensificaram a articulação dos fluxos entre o litoral e o interior do país e afetaram o município de Ceres, referência específica do trabalho.
no trabalho "O Estado e o Território de Identidade do Sisal na Bahia: Conflitos da política territorial" os autores Luis Eduardo Cunha Silva e Ana Rocha dos Santos observam, no espaço agrário brasileiro, um processo constante de transformações que fortalece a agricultura de mercado em detrimento da agricultura camponesa. Ao considerar o Estado como um dos pilares da sociedade, este artigo analisa a política pública do Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais que na Bahia foi institucionalizada como Territórios de Identidade. Considerado como sucesso, o Território de Identidade do Sisal foi eleito como referência particular do estudo.
O último artigo deste número, "O BNDES e o Campo Ambiental: Qual a influência do Banco Mundial no Contexto Nacional?" de Juliana Ferreira Romeiro, se propõe a refletir sobre as bases constituintes dos discursos e práticas que evocam o campo ambiental nas instituições financeiras voltadas a projetos de desenvolvimento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um de seus instrumentos mais importantes apresenta grande dificuldade em estabelecer uma política ambiental verdadeiramente transparente e autônoma tendo em vista o papel central que o Banco Mundial exerce.