Editorial da Edição
RPPR Rio de Janeiro, Vol. 7, Nº 3, Setembro a Dezembro de 2020, publicado em setembro de 2020
No primeiro artigo “As mudanças no percurso da política petrolífera Brasileira” as autoras Rosélia Périssé da Silva Piquet e Marlúcia Junger Lumbreras procuram mostrar, tendo como indicador as mudanças das diretrizes políticas quanto à indústria petrolífera brasileira, que o Brasil é um exemplo para se analisar a chamada “reprimarização”. Para isto, o texto explicitará as mudanças no percurso da política brasileira voltada ao setor petrolífero desde a década de 1950 até os dias atuais em três fases: de 1953 a 1997, 1997 a 2016 e a partir de 2016. Concluem que, a partir da análise de diretrizes adotadas em diferentes programas da Petrobras, há indícios de uma “reprimarização” à medida que houve retração nos programas de qualificação, redução nos percentuais de conteúdo local e possibilidade de desperdiçar o potencial de geração de riqueza com as limitações da atuação da Petrobras.
O segundo artigo de Markus Erwin Brose, Augusto José Pinto Souto e Claudio Soares dos Santos com o título “Percepções e adaptação aos riscos climáticos no litoral: A reconstrução pós-ciclone de 2016 do Balneário Hermenegildo, RS” se situa na problemática da elevação dos oceanos que torna a faixa litorânea um dos territórios mais vulneráveis às mudanças climáticas no Rio Grande do Sul. Se torna espaço privilegiado para gestão de conhecimento sobre percepções e estratégias de adaptação aos riscos por causa da alta densidade populacional e o capital imobilizado em habitações e infraestrutura. O ensaio objetiva interpretar a resposta à ressaca histórica que destruiu, em 2016, habitações no Balneário Hermenegildo, como ponto de partida para caracterizar a estratégia de adaptação climática no município. A investigação aponta o histórico do desrespeito à legislação ambiental, tanto pelos proprietários dos imóveis, como pela administração municipal e a hipótese de que prefeitura e câmara, representando os interesses coletivos, compartilham do risco calculado de perdas pelo avanço da linha de costa.
O próximo artigo, “Planejar para alimentar as metrópoles: a incorporação da agricultura e da agroecologia no planejamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte” de Victor Gabriel de Souza Lima Alencar, Gabriel Mattos Ornelas e Heloisa Soares de Moura Costa investiga a inovação relacionada à incorporação das temáticas da agricultura e da agroecologia no planejamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e visa contribuir para um melhor conhecimento da produção agrícola nas metrópoles que, conectadas com as dimensões culturais e de justiça ambiental, se apresenta como alternativa socioeconômica alinhada às noções de sustentabilidade. Assim, com base na agroecologia, procura mostrar o fortalecimento de planejamento e políticas públicas por um conjunto articulado de medidas e estratégias de atuação interinstitucional com coordenação e cooperação federativa e com ativa participação da sociedade civil.
O quarto artigo deste número de Maria Clotilde Meirelles Ribeiro e Amilcar Baiardi com o título “O rural e o urbano: da conflitualidade para a complementaridade e transformações recentes no rural brasileiro” desenvolve um cenário que se baseia na paulatina superação da sociedade industrial e na evolução dos papeis das esferas urbano e rural, fundamentada no desenvolvimento científico tecnológico e na mudança dos paradigmas de organização do trabalho.Argumenta-se que a experiência de alguns territórios de transição, Transition Towns, mostra isso ser teoricamente possível e supõem ainda que o recente processo de transformação estrutural da agricultura brasileira, de um passado agrário, relacionado à propriedade, posse da terra e vida rural, para uma realidade essencialmente agrícola, baseada na intensificação da produção, começa a se diferenciar, criando espaços de prosperidade.
Ao retomar uma das discussões anteriores deste número da revista sobre a incorporação de agricultura e agroecologia no planejamento metropolitano, o seguinte artigo “Perspectiva para o planejamento regional: um breve olhar sobre a proposta da trama verde e azul nas experiências da Região de Nord-Pas-de-Calais na França e da Região Metropolitana de Belo Horizonte, no Brasil” de Raquel Henrique, Maria Angélica Toniolo e Cilene Gomes retoma a temática da Trama Verde e Azul ou Trame Verte et Bleue para traçar algumas características que possam indicar seu caráter inovador como ferramenta de ordenamento territorial. Argumenta, a partir de uma breve incorporação da bibliografia relevante, que sua potencialidade possa permitir a construção de outra lógica de planejamento que considere as relações entre as questões ambientais, urbanas e sociais como condição para o enfrentamento dos desafios impostos pelo atual nexo urbano-metropolitano, orientado pelas racionalidades da globalização econômica.
O sexto trabalho do atual número das autoras Tanise Dias Freitas e Cidonea Machado Deponti com o título “A Ruralidade e o Urbano: reflexões teóricas para a compreensão do Desenvolvimento Regional” acrescenta uma reflexão teórica às discussões dos trabalhos anteriores sobre urbano, rural, agroecologia, meio ambiente, planejamento e desenvolvimento regional. Para retomar as discussões teóricas que subsidiam as discussões sobre o desenvolvimento territorial, as autoras retomam os estudos sobre as Novas Ruralidades, a partir da Sociologia Rural, da Economia e do Desenvolvimento Regional para refletir sobre as atuais perspectivas teórico-analíticas para os estudos das regiões rurais ou interioranas. Chegam ao resultado que ainda persistem as dificuldades em operacionalizar conceitos e, consequentemente, indicadores que permitam compreender e analisar estas regiões de forma ampla e comparativa.
A discussão do último trabalho deste número com o título “Desenvolvimento rural e os Geoparques no Brasil” dos autores Daner Rosskamp Ferreira, André Souza Martinello e Jairo Valdati localiza as concepções contemporâneas sobre o desenvolvimento no contexto da questão ambiental e da inclusão da sustentabilidade. Neste contexto, observam-se transformações de velhos conceitos, como o de desenvolvimento rural, bem como revelam-se novos, como os de geodiversidade e, especialmente, de geoparque. A partir de uma específica revisão da produção científica desta temática, o presente artigo buscou estabelecer a relação entre geoparques e desenvolvimento rural, bem como ampliar as reflexões acerca da implementação dos geoparques e suas possíveis implicações e contribuições para o desenvolvimento rural no Brasil.
Uma análise da origem das autoras e dos autores levou ao seguinte resultado:
Instituições de origem dos autores publicados no Vol. 7 da RPPR
Nome da instituição |
nº de autores |
em % do ano |
Região |
FURB – Universidade Regional de Blumenau |
1 |
4% |
Sul |
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) - Campus Itaperuna-RJ |
1 |
4% |
SE |
Instituto Federal SC, Campus São Miguel do Oeste |
1 |
4% |
Sul |
UCAM - Universidade Candido Mendes |
1 |
4% |
SE |
UDESC – Universidade do estado de Santa Catarina |
4 |
16% |
Sul |
UFBA - Universidade Federal da Bahia |
1 |
4% |
NE |
UFF - Universidade Federal Fluminense |
2 |
8% |
SE |
UFGD - Universidade Federal da Grande Dourados |
1 |
4% |
CO |
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais |
1 |
4% |
SE |
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
1 |
4% |
Sul |
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina |
1 |
4% |
Sul |
UFT - Universidade Federal do Tocantins |
1 |
4% |
N |
Unicamp – Universidade de Campinas |
1 |
4% |
SE |
UNICOR - Universidade Vale do Rio Doce |
1 |
4% |
SE |
UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul |
4 |
4% |
Sul |
Univap – Universidade do Vale do Paraíba |
1 |
4% |
SE |
UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco |
1 |
4% |
NE |
Univates - Universidade do Vale do Taquari |
1 |
4% |
Sul |
TOTAL |
25 |
|
|
Por Região
Norte |
1 |
4% |
Nordeste |
2 |
8% |
Sudeste |
8 |
32% |
Sul |
13 |
52% |
Centro-Oeste |
1 |
4% |