Revista Política e Planejamento Regional

Editorial da Edição

RPPR Rio de Janeiro, Vol. 8, Nº 1, Janeiro a Abril de 2021, publicado em janeiro de 2021

O primeiro artigo deste primeiro número da RPPR  de 2021 com o título “Desenvolvimento Territorial no Extremo Oeste de Santa Catarina: a Abordagem da Cesta de Bens e Serviços Territoriais” dos autores Andréia Tecchi, Adinor José Capellesso, Clóvis Dorigon e Ademir Antonio Cazella visa identificar bens, produtos e serviços que podem ser articulados pelos atores na promoção do desenvolvimento territorial na Associação dos Municípios do Extremo Oeste de Santa Catarina (Ameosc). O enfoque adotado da Cesta de Bens e Serviços Territoriais (CBST) propõe potencializar o processo de ativação interligada dos recursos territoriais por meio de possíveis sinergias a ser mobilizadas pelos atores para a construção do efeito cesta. --> link

Na segunda contribuição deste número de Wellington Tischer, Valério Alecio. Turnes e Isa de Oliveira Rocha apresentam, após sua investigação sobre a interiorização das instituições de Ensino Superior no Brasil, em artigo publicado no Vol. 7, No. 2 de 2020 da RPPR --> link, uma análise bibliométrica sobre a produção acadêmica em eventos científicos na área Planejamento Urbano e Regional e Demografia com o título “A Educação superior no desenvolvimento regional: uma análise bibliométrica da produção acadêmica em eventos científicos na área PLURD de 2014 a 2019”. Identificam uma prevalência de estudos sobre as Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, sobretudo federais, estudos qualitativos com ênfase na abordagem do desenvolvimento regional. Um quadro síntese evidencia o deslocamento do eixo do campo científico de estudos sobre graduação, expansão, interiorização, investimento, democratização, implantação, infraestrutura, atores, aspectos organizacionais, região e desenvolvimento para estudos que analisam pós-graduação, consolidação, polarização, inovação, desempenho, impacto, arranjos interinstitucionais, municípios-polo e crescimento econômico.--> link

No seu artigo “Movimento de expansão agropecuário: uma análise histórica do seu desenvolvimento na Região Sudeste paraense” os autores Emílio Campos Mendes e Evaldo Gomes Júnior discutem o avanço da produção agropecuária no Sudeste do Pará. A análise do período de 2000 a 2016 evidenciou que a região se insere no comércio internacional e que suas terras estão em um processo de capitalização por meio da especulação e da produção de commodities. Este avanço estabelece um processo de integração econômica, permeado por conflitos entre povos tradicionais e grandes latifundiários, que não integra a sociedade regional em todas as suas vertentes e mantem sua dependência do setor externo. --> Link

No quarto artigo com o título “Balanço crítico e perspectivas atuais da Floresta Edmundo Navarro de Andrade após 45 anos do tombamento da paisagem” os autores Gabriel Ribeiro Castellano, Stephanie Marucci de Souza e Adriano Ricardo Mergulhão avaliam a experiência de conservação da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade – FEENA (Horto Florestal de Rio Claro) -, cuja paisagem foi pioneiramente tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), órgão responsável pela preservação do patrimônio cultural paulista. Para esta finalidade foram realizados levantamentos bibliográficos acerca dos aspectos arquitetónicos, ambientais, culturais, históricos, políticos e sociais, assim como estudos de campo que fundamentaram as informações comprobatórias para a caracterização atual do patrimônio. Apesar da conclusão de não haver política efetiva de conservação dos imóveis, do patrimônio natural e do acervo científico, assim como não existem parcerias ou convênios com o governo federal ou com os ministérios relacionados à cultura e conservação do patrimônio, foi constatado o papel pioneiro do Horto na preservação das paisagens paulistas, caracterizando sua expressividade, raridade, estética singular e interesse turístico, sendo exemplo de atividades antrópicas que definiram o espaço territorial e a estrutura social local. --> link

O quinto artigo deste número das autoras Maria Lucia Ramos Bellenzani,  Bruna de Souza Fernandes e Luciana Rodrigues Fagnoni Costa Travassos com o título “Ruralidades metropolitanas como espaços de resiliência ambiental: o caso da Região Metropolitana de São Paulo” parte do conceito do novo rural e da premissa que, mesmo nas metrópoles mais urbanizadas, a ruralidade não desaparece, pelo contrário, permanece e é ressignificada. Procura, assim, evidenciar a importância das ruralidades metropolitanas, compreendidas aqui pelos espaços rurais e de interface rural-urbana no interior das metrópoles. Essa relevância será mostrada por meio de um breve estudo de caso da Região Metropolitana de São Paulo sobretudo no aspecto da produção de serviços ecossistêmicos imprescindíveis à manutenção da metrópole. Apontará, o trabalho, também a insuficiência de instrumentos de planejamento e gestão territorial capazes de abordar adequadamente as dinâmicas socio territoriais que formam e transformam esses espaços complexos. --> Link

O último artigo deste número da RPPR de autoria de José Eduardo Manhães da Silva e Lia Hasenclever com o título “A Parceria Público-Privada na Assistência Farmacêutica: o Programa ´Aqui Tem Farmácia Popular´” visa apreciar os resultados da parceria público-privada na Assistência Farmacêutica (AF) com a criação do Programa Aqui tem Farmácia Popular (ATFP) por meio de uma avaliação aplicada à formulação da política pública de AF e com base em três instrumentos: revisão bibliográfica; correlação linear entre população e renda média per capita das localidades atendidas pelo ATFP e georeferenciamento das unidades credenciadas. Os resultados indicam que a parceria com a iniciativa privada promoveu a expansão da dispensação de medicamentos básicos e essenciais, porém com forte centralização regional e significativa absorção do orçamento público, fragilizando a assistência farmacêutica pública. Conclui-se que o novo arranjo institucional, além de redundâncias e centralização, tanto na gestão como na composição territorial, absorve a maior parte dos recursos do Estado pela iniciativa privada. --> Link